Tenho pensado tão quadrado nos últimos dias. É como se a minha mente de uma hora para outra cambaleasse no interior de quatro paredes e paredes e mais paredes se formassem por todos os cantos se transformando em quadrados vezes quadrados. Paredes são às coisas nas quais a minha mente tem se defrontado todos os dias. Paredes que começam num canto – um canto que termina em parede – tudo quadrado – tantas paredes!
Há um quadrado se figurando diante de mim agora. É um belo quadrado. Como um daqueles quadrados mágicos de Albrecht Dürer: cinza e tão imenso que não cabe no espaço da visão. Uma janela quadrada. Quadrada a vidraça montada com blocos unicolores de um tom cinza invernal e emoldurada por um quadrado feito de um metal bonito – tão bonito que ficou quadrado – um quadrado cinza que jamais se abre ao meio no intuito de aspirar a poeira das gentes, a poeira dos tempos, a poeira solstícia de um fim tarde sem fim.
É uma janela quadrada fechada e com quadradinhos numerados. Não importa: de cima para baixo; de baixo para cima; da esquerda para direita; da direita para a esquerda; as duas diagonais; a soma dos 4 números que ficam nos cantos do quadrado; a soma dos 4 números nas 4 casas centrais... Modo algum importa, pois a soma de todos os quadros dessa janela dará sempre o mesmo resultado.
Tudo quadrado – fechado dentro de um resultado tão solúvel e, ao mesmo tempo, igualmente insolúvel em sua razão de existir. Para que servem essas janelas que mais se parecem com paredes instransponíveis que agora se levantam, uma após a outra, aqui na sala-de-estar da minha mente?
Eu já decifrei o quadrado. Não há mistério algum nele capaz de me amedrontar além do fato de saber que a sua existência é um fato e que não interessa para onde eu vá, estarei peremptoriamente diante dessas janelas cinzentas fechadas e tão quadradas dentro da razão de serem apenas janelas-paredes-quadradas que se erguem diante de mim.
Se assim é, se o meu universo ficou 4 x 4; se a minha mente embarcou na ideia fixa de que todas às somas darão o mesmo resultado; se de repente não há mais portas; se nesse exato momento eu me vejo dentro desse quadrado hipermágico e dele penso que não vou sair jamais; se o meu mundo agora é rodeado por janelas que se transformam em paredes cinzas... Se assim é: eu que aprenda a me teletransportar. (Texto: Quadrado - de Clara Dawn - publicado no jornal Diário da Manhã - DMRevista - Goiânia em 08 de dezembro de 2014)
Há um quadrado se figurando diante de mim agora. É um belo quadrado. Como um daqueles quadrados mágicos de Albrecht Dürer: cinza e tão imenso que não cabe no espaço da visão. Uma janela quadrada. Quadrada a vidraça montada com blocos unicolores de um tom cinza invernal e emoldurada por um quadrado feito de um metal bonito – tão bonito que ficou quadrado – um quadrado cinza que jamais se abre ao meio no intuito de aspirar a poeira das gentes, a poeira dos tempos, a poeira solstícia de um fim tarde sem fim.
É uma janela quadrada fechada e com quadradinhos numerados. Não importa: de cima para baixo; de baixo para cima; da esquerda para direita; da direita para a esquerda; as duas diagonais; a soma dos 4 números que ficam nos cantos do quadrado; a soma dos 4 números nas 4 casas centrais... Modo algum importa, pois a soma de todos os quadros dessa janela dará sempre o mesmo resultado.
Tudo quadrado – fechado dentro de um resultado tão solúvel e, ao mesmo tempo, igualmente insolúvel em sua razão de existir. Para que servem essas janelas que mais se parecem com paredes instransponíveis que agora se levantam, uma após a outra, aqui na sala-de-estar da minha mente?
Eu já decifrei o quadrado. Não há mistério algum nele capaz de me amedrontar além do fato de saber que a sua existência é um fato e que não interessa para onde eu vá, estarei peremptoriamente diante dessas janelas cinzentas fechadas e tão quadradas dentro da razão de serem apenas janelas-paredes-quadradas que se erguem diante de mim.
Se assim é, se o meu universo ficou 4 x 4; se a minha mente embarcou na ideia fixa de que todas às somas darão o mesmo resultado; se de repente não há mais portas; se nesse exato momento eu me vejo dentro desse quadrado hipermágico e dele penso que não vou sair jamais; se o meu mundo agora é rodeado por janelas que se transformam em paredes cinzas... Se assim é: eu que aprenda a me teletransportar. (Texto: Quadrado - de Clara Dawn - publicado no jornal Diário da Manhã - DMRevista - Goiânia em 08 de dezembro de 2014)
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